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Programação e caderno de resumos

VI ENCONTRO DE LÍNGUAS E CULTURAS MACRO-JÊ


12 a 14 de novembro de 2008


Mini-auditório Professor Egídio Turchi – Faculdade de Letras/UFG
Coordenação
Profª. Drª. Silvia Lucia Bigonjal Braggio
Profº. Drº. Sinval Martins de Sousa Filho
Equipe de Apoio
Kênia Mara de Freitas Siqueira
Paulo Henrique Gomes de Andrade
Rodrigo Mesquita
Bruno Calassa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Reitor: Profº. Drº. Edward Madureira Brasil
Vice-Reitor: Profº. Drº. Benedito Ferreira Marques

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Pró-Reitora: Profª. Drª. Divina das Dores de Paula Cardoso

FACULDADE DE LETRAS
Diretora: Profª. Drª. Maria Zaira Turchi
Vice-diretor: Profº. Drº. Francisco José Quaresma de Figueiredo

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGÜÍSTICA
Coordenadora: Profª. Drª. Heloísa Augusta Brito de Mello
Vice-coordenadora: Profª. Drª. Silvia Lucia Bigonjal Braggio

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS LINGÜÍSTICOS E LITERÁRIOS
Chefe: Profª. Drª. Kátia Menezes de Sousa
Vice-chefe: Profº. Drº. Pedro Carlos Louzada Fonseca

Apoio:
CAPES – COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR 


DIA 12 DE NOVEMBRO DE 2008
8:30: ABERTURA
          Silvia Lucia Bigonjal Braggio - coordenadora do evento
          Sinval Martins de Sousa Filho - coordenador do evento
          Heloisa Augusta Brito de Mello - coordenadora do Programa de Pós-Graduação
          Divina das Dores de Paula Cardoso - Pró-Reitora da PRPPG
          Maria Zaira Turchi - Diretora da Faculdade de Letras
          Francisco José Quaresma de Figueiredo - Vice-Diretor
          Kátia Menezes de Sousa - Chefe do Departamento de Letras e Lingüística
 
MESAS
Cada participante terá 20 minutos para apresentação seguido por 10 minutos para questões/respostas
9:30: Mesa 1
Aryon D`All Igna Rodrigues- UnB/LALI
“A família jabuti e o tronco Macro-Jê”
Wilmar Rocha D´Angelis- Unicamp
 “Coroado da Aldeia da Pedra: uma análise fonológica sincrônica de um vocabulário   Macro-Jê”
Eduardo Rivail Ribeiro- U.Chicago/Museu Antropológico-UFG
“Matto Grosso como o local de origem do tronco Macro-Jê: uma hipótese”
 10:45:Intervalo
 11:00: Mesa 2
 Vanessa Lea- Unicamp
“Problematizando a classificação das línguas Jê setentrionais e o rótulo Timbira”
 Juracilda Veiga- FUNAI
“Relação de gênero entre os Kaingang e os Xokleng: um estudo comparativo”         
Valmores Tapurumã Pataxó: UFMG
“Descrição etnolingüística sobre a língua pataxó na forma como era falada por meus antepassados”

 12:15:Almoço
 
14:00: Mesa 3
Fábio Bonfim Duarte- UFMG
“Propriedades do caso ergativo em língua Jê”
Carlo Sandro de Oliveira Campos e Fábio Bonfim Duarte-UFMG
“Maxakalí: língua ergativa tripartida?”
Isabella Maria de Barcelos Silva e Fábio Bonfim Duarte:UFMG
“Estatuto da posposição de caso ergativo e de caso dativo em Apãniekrá”
15:15: Mesa 4
Andrés Pablo Salanova: U.Ottawa
“Não existem prefixos relacionais nas línguas Jê”
Maria Amélia Reis Silva: U.British Columbia
“Intransitivização em Menbengokre”
Clarice Cohn -UFSCAR
Menbengokre: aprendizagem: etnologia
Cinthia de Lima Neves: UFPA
“Análise acústica das vogais centrais da língua parkatejê”
 
16:30: Intervalo
 16:45: Mesa 5
Flávia de Castro Alves: UnB
“Categorias de aspecto e modalidade em Canela”
Laísa Fernandes e Flávia de Castro Alves:UnB
“Intransitividade cindida em Jê setentrional”
Jader de Sousa Nunes e Flávia de Castro Alves:UnB
“Ergatividade e transitividade em Canela”
Ana Gabriela Gomes Aguiar e Flávia de C.Alves:UnB
“Estratégias de indeterminação do sujeito em Canela”
 
DIA 13 DE NOVEMBRO DE 2008

8:30: Mesa 6
Estevão Rafael Fernandes:  Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ
“Fronteiras e fluxos simbólicos: notas para uma teoria da educação em saúde em áreas indígenas”
Aline Alves Ferreira: ENSP/FIOCRUZ
“As várias dimensões da alimentação: o caso Xavante”
Mônica Cidele da da Cruz:UNEMAT
“Povo Umutina: a busca da identidade lingüística e cultural”
9:45: Mesa 7
 Aryon D.Rodrigues e Lidiane S. Camargos: UnB/LALI
“Aspecto e modalidade em Boróro”
Anna Suelly Arruda Câmara Cabral, Aryon D.Rodrigues e Maxwell Gomes Miranda:UnB/LALI
“Uma abordagem histórico-comparativa da distinção entre formas verbais longas e curtas na família Jê”
Eduardo Rivail Ribeiro  e Lincoln Almir Amarante Ribeiro:UChicago-MA-UFG e UEG
“Reconstrução do Proto-Boróro: resultados preliminares”
11:00: Mesa 8
Christiane Cunha de Oliveira:UFG
“Um estudo do léxico Apinajé: classes de verbos”
Andérbio Márcio Silva Martins: UnB
“Um estudo comparativo-lexical das famílias Kamakã e Purí”
Maurício Amaro de Souza e Christiane Cunha de Oliveira: UFG
“Proposta tipológica para um dicionário da língua javaé (Karajá)”
 
12:15: Almoço

 14:00: Mesa 9
Mônica Veloso Borges:UFG
“Relações interlingüísticas entre os Avá-Canoeiro e os Javaé”
Walkíria Neiva Praça e Eduardo Rivail Ribeiro: Univ.Católica de Brasília e MEC/SECAD/U.Chicago.MA-UFG
“Tapirapé e Karajá: as idas e vindas de um contato cultural”
Adriana Viana Postigo: UFMS
“Os grafemas da língua guató na obra de Schmidt (1905[1942): uma análise comparativa”
15:15: Mesa 10
 
Francisco Edwiges Albuquerque:UFT
“O tratamento dos empréstimos na língua apinayé”
Wellington Pedrosa Quintino: UFRJ
“A estrutura silábica:condicionamento de coda e onset complexo em Xavante”
Aroldo Leal de Andrade:Unicamp
“Percurso de gramaticalização da ergatividade em línguas Jê Setentrionais”
15:45:Intervalo

16:00: Mesa 11
Kênia Mara de Freitas Siqueira e Silvia L.B.Braggio:UFG
“Relação língua/cultura/pensamento: reflexão sobre os classificadores Xerente”
Rodrigo Mesquita e Silvia L.B.Braggio: UFG
“Empréstimos do Português em Xerente Akwén”
Paulo Henrique Gomes de Andrade e Silvia L.B.Braggio: UFG
“Aspectos fonético/fonológicos das consoantes da variedade étnica Português-Xerente”
 17:15: Mesa 12
Maria do Socorro Pimentel da Silva:UFG
“Uma proposta de ensino das línguas Karajá e Javaé numa perspectiva bilíngüe intercultural” 
Rosane de Sá Amado:USP
“Marcas da oralidade Timbira na produção de textos escritos em Português”
Raquel Peixoto Ferreira Vieira:UFG
“O papel da L1 na aquisição da L2 escrita na escola indígena Xerente”

DIA 14 DE NOVEMBRO DE 2008

8:30: Mesa 1
“Contribuições da descrição e análise lingüísticas para o ensino de Yaathê como língua materna”
Januacelle Francisca da Costa-UFAL
Eunice Dias de Paula e Luiz Gouvêa de Paula: UFG
“Crianças trilingües: uma questão para as escolas Tapirapé-Karajá”
Tânia Ferreira Rezende Santos: UFG
“Estrangeiros na própria pátria: uma experiência de ensino-aprendizagem de língua portuguesa com alunos da Licenciatura Intercultural da UFG”

9:45: Mesa 14
 Eduardo Alves Vasconcelos: UnB
“A fonologia do Cayapó do Sul: uma análise de um vocabulário do início do século XX”
Davi Borges de Albuquerque:UnB
“Família Kariri: uma tentativa de reconstrução”
Wildes Souza Andrade:UFG
“Construção social de fronteiras e territorialização entre os Tapuios do Carretão”
 
11:00: Intervalo
 
11:15: Mesa 15
Adelane Xavier e Joanes Sousa:UFT
“Estudos linguageiros de ritos Krahô; cantigas de Jot-Yon-Pin; Witi.
Jane Guimarães Sousa:UFT
 “Estudos linguageiros sobre o discurso de ritos Krahô”
Juscéia Aparecida Veiga Garbelini: UFT
“Estudos linguageiros de rito Krahô: cantigas de PEMB´KAHÁK

 12:30  Almoço
 
14:00: Mesa 16
Silvia Lucia Bigonjal Braggio:UFG
“Tipologias sociolingüísticas: as macrovariáveis  e seu papel no deslocamento das línguas- a língua Xerente Akwén”
Sinval Martins de Sousa Filho:UFG
“ Reflexões sobre a aquisição de língua pela criança Xerente”

15:15:Encerramento 
  

RESUMOS

1. Estudos linguageiros de ritos Krahô - Cantigas de Jot-Yon-Pin; Cantigas de Witi; Cantigas de Pemp´kahàk; Cantigas de Kyiré; Cantigas de Hókrepôj. 
 Adelane Xavier/G-UFT Jane Guimarães Sousa/G-UFT Joanes Magalhães/G-UFT
O discurso não é a língua, embora seja tecido por ela também. Assim, esta fase da pesquisa busca realizar uma descrição da língua krahô, materializada em cantigas de ritos em diferentes níveis de análise lingüística (fonético-fonológico, morfossintático e semântico-pragmático). Por ser uma pesquisa em processo, serão apresentados, nesse encontro, estudos parciais das análises. Essa etapa descritiva constitui-se como decisiva à realização da análise discursiva, na qual buscar-se-á apreender o sistema de valores acionado para a categorização, explicação e justificação do mundo krahô.

2. Os grafemas da língua guató na obra de Schmidt (1905[1942]): uma análise comparativa 
 Adriana Viana Postigo/PG-UFMS
Nas viagens descritas pelo etnólogo Schmidt (1905[1942]) há alguns estudos, listas de palavras e pequenas frases envolvendo diversos povos, entre eles, o Guató. Este povo vive na aldeia Uberaba, situada na Ilha Ínsua, na região do alto Pantanal, pertencente ao município de Corumbá-MS. Os vocábulos utilizados nesta análise, localizados no capítulo IX sob o título “Índios guatós - Linguagem” (p.217-247), foram comparados pelo autor com outros dados anteriormente coletados por Castelnau (1851[1949]). A investigação presente neste trabalho tem por objetivo: (1) apresentar uma sistematização dos dados anteriores com dados atuais coletados em 2007/2008, com dois informantes guató, (2) estabelecer uma relação entre a representação, grafêmica e/ou gráfica, utilizada por Schmidt e a representação atual dos dados e (3) propor um inventário fonológico para a língua guató. Os vocábulos que foram selecionados para a correlação de dados basearam-se em campos semânticos, tais como: partes do corpo (cabeça, boca, dente, nariz, olho, cotovelo, mão, entre outros), parentesco (pai, mãe, filha(o), irmã(o), etc) e animais comuns da região (bugio, onça, capivara, jacaré, entre outros). Por meio dessa análise comparativa, portanto, compreendemos melhor os sinais gráficos que representam a língua guató na obra de Schmidt e esperamos que esse trabalho possa contribuir para o estudo de línguas indígenas no Brasil.

3. As várias Dimensões da alimentação: o Caso Xavante 
 Aline Alves Ferreira/PG-ENSP/ FIOCRUZ
Quando nos referimos à comportamento alimentar, levamos em conta as práticas alimentares que vão desde os procedimentos relacionados à seleção dos alimentos, sua preparação e seu consumo propriamente dito, até valores simbólicos associados à alimentação. Além disso, a escolha e o consumo de alimentos por um indivíduo ou grupo são sensíveis às mudanças culturais, obedecendo a um código não só econômico ou utilitário, mas principalmente simbólico. Novos hábitos ou adaptações de outros povos podem surgir ocasionalmente ou por necessidade. Nesse contexto, o objetivo do estudo é descrever as dimensões existentes nas atividades básicas relacionadas à subsistência a esse povo, tentando respeitar as diferenças estruturais e organizacionais do mesmo. Os Xavante não são homogêneos, portanto não me deterei a especificidades históricas, apesar da consciência da importância dessas na construção da identidade social, e consequentemente na alimentação. Os alimentos para eles fazem parte de uma estrutura social, onde mais importante que nutrir-se é o modo que esses alimentos chegam até a habitação. As atividades de subsistência exercidas na época do contato permanente com a sociedade nacional ainda são esporadicamente exercidas, ora com mais intensidade, ora com menos, variando de acordo com a região e aldeia. Mas o caráter simbólico e social permeia a alimentação e comida Xavante, sendo o alimento hoje uma preocupação constante. Caça, pesca, coleta, entre outras atividades, foram substituídas pelas mudanças de costumes e do sistema econômico capitalista, sendo muitas vezes os alimentos industrializados base da alimentação. Problemas nutricionais coexistem em elevadas prevalências e a preocupação do que comer tem superado muitas vezes o como comer. Em vista disso, a comida Xavante, por mais diversificada que seja entre os subgrupos e por mais alterada que tenha sido após o contato com a sociedade nacional, percorre diferentes dimensões em um tempo não linear.

4.Uma abordagem histórico-comparativa da distinção entre formas verbais longas e curtas na família Jê 
Ana Suelly Arruda Câmara Cabral/LALI-UnB 
Aryon Dall’Igna Rodrigues/LALI -PPGL, UnB 
Maxwell Gomes Miranda/LALI-PPGL, UnB
Fundamentados em dados de línguas dos ramos setentrional, central e meridional da família Jê, apresentamos uma hipótese sobre o contraste entre formas longas e breves na família Jê, que envolvem nominalizações, predicados de natureza nominal e ergatividade. O estudo tem entre seus objetivos contribuir para a discussão sobre o desenvolvimento de padrões morfossintáticos em línguas dos troncos Macro-Jê e Tupí.

5. Um estudo Comparativo-lexical das famílias Kamakã e Purí 
Andérbio Márcio Silva Martins/ PG-UnB
Nesta comunicação apresentaremos os resultados de estudo comparativos sobre as famílias Kamakã (MARTINS, 2007) e Purí (SILVA NETO, 2007) com o propósito de identificar as formas correlatas e determinar as correspondências fonológicas e semânticas entre elas. Discutiremos também em que medida os estudos comparativos recentes realizados sobre as duas famílias contribuem para a hipótese de um tronco lingüístico Macro-Jê (RODRIGUES, 1986, 1999).


6. Não existem prefixos relacionais nas línguas Jê 
Andrés Pablo Salanova/ Univ. Ottawa
O propósito deste trabalho é descrever a expressão da terceira pessoa em algumas línguas da família Jê, em particular três línguas do ramo setentrional da família: Mebengokre, Timbira e Panará. Propomos uma análise que permite reduzir uma série de fatos à primeira vista não relacionados a um único prefixo de terceira pessoa (anafórica) e uma série de regras fonológicas atestadas de forma independente na família Jê, algumas das quais têm caráter histórico, enquanto que outras estão ativas na gramática atual das línguas em questão. Nossa análise da terceira pessoa propõe-se como uma alternativa à análise mais difundida dos mesmos fatos, baseada na noção de “prefixos relacionais”. Argumentaremos que há motivos tanto empíricos quanto conceituais para abandonar esta categoria de análise no estudo das línguas Jê.

7. Percursos de gramaticalização da ergatividade em línguas Jê Setentrionais 
Aroldo Leal de Andrade/PG-Unicamp
O objetivo da comunicação é discutir a evolução da ergatividade em línguas Jê setentrionais. Tendo em vista que a literatura sobre ergatividade em Canela, Kayapó e Apinajé aponta contradições a universais tipológicos, defende-se que a distribuição da marcação do caso ergativo pode ser compreendida desde que se estude a gramaticalização de construções em que se manifesta esse alinhamento de argumentos verbais. São utilizados os pressupostos de Gildea (1998) para a reconstrução sintática, e os resultados de Castro Alves (2004, 2006) para a diacronia da ergatividade em línguas Jê do Norte. Considerando a origem da ergatividade em nominalizações, observa-se que, a depender da língua considerada, ela se manifesta em um ou mais dos seguintes contextos: domínios subordinados sem correferência entre os sujeitos matriz e encaixado; domínios independentes com operador; domínios independentes com interpretação delimitada (sem operador). A fim de mostrar que uma análise conservadora – segundo a qual a ergatividade se limita a nominalizações - não é mais suficiente para explicar o fenômeno, são discutidas evidências de mudança nas três línguas, em construções que destoam do quadro geral. Em suma, mostra-se, com evidencias adicionais às já apontadas na literatura, que antigas nominalizações foram reanalisadas como orações com núcleo verbal. Finalmente, dois percursos diacrônicos da ergatividade são apontados: um formou orações com operadores de modo-aspecto-polaridade, enquanto o outro gerou orações indicativas de delimitação do evento.

8. A família Jabuti e o tronco Macro-Jê 
Aryon Dall’Igna Rodrigues/LALI-PPGL,UnB

Discussão das evidências e supostas evidências para considerar a família lingüística Jabuti (línguas Jabutí ou Djeoromitxí) e Arikapú) mais um membro do tronco lngüístico Macro-Jê. Esta discussão estará baseada na comunicação feita por Hein van der Voort durante o IV Encontro Macro-Jê em Recife, em 2006. Naquela comunicação van der Voort apresentou as palavras das línguas Jabuti e Arikapú correspondentes à lista de 100 palavras elaborada por Morris Swadesh para testes de datação glotocronológica (Swadesh 195..) e, com base nas mesmas palavras, propôs algumas reconstruções lexicais para o Proto-Jabutí e efetuou comparações das formas reconstruídas com as correspondentes do Proto-Jê reconstruídas por Irvine Davis (1966) ou, em alguns casos, diretamente com algumas línguas da família Jê ou de outras famílias do tronco Macro-Jê. Será discutida a plausibilidade das equações propostas por van der Voort e sua consistência como evidências de parentesco genético com a família Jê e outras famílias daquele tronco.
9. Aspecto e modalidade em Boróro 
Aryon Dall’Igna Rodrigues/LALI -PPGL, UnB Lidiane Szerwinsk Camargos /LALI-PPGL, UnB
Apresentamos uma análise alternativa à proposta por Crowell (1976) sobre aspecto em Boróro. Na nossa proposta reunimos indicações de que há uma distinção entre aspecto, modo e modalidade em Boróro, em contraste com a análise de Crowell (1976), em que tais distinções são ignoradas, prevalecendo uma interpretação aspectual de suas respectivas manifestações. A análise se pauta nos trabalhos de Desclès e Guentchéva (1996, 1997) e de Comrie (1981, 1987, 1990). Os dados que fundamentam a análise provêm das seguintes fontes: Colbacchini e Albisetti (1942), Crowell (1976), Viana (2003) e Camargos (2006, 2007).

10. Maxakalí: Língua Ergativa tripartida? 
Carlo Sandro de Oliveira Campos/PG-UFMG 
Fábio Bonfim Duarte/UFMG
A língua Maxakalí tem sido descrita como uma língua ergativa, pois argumentos nucleares (A) são codificados pela posposição ergativa {-te}, o que os diferencia dos argumentos nucleares (S) e (O). Campos (2007) descreve a língua Maxakalí como uma língua ergativa ativa, em que (A) e (Sa) alinham-se morfologicamente por serem marcados pela posposição {-te}, enquanto (S) e (O) são não-marcados. Segundo Campos (2007), os predicadores de (S) são prefixados com uma marca de pessoa {-ũ}. Tal marca faz co-referência com o sujeitos (S). Postulo neste trabalho que o prefixo de pessoa {-ũ} codifica argumentos nucleares (S), diferenciando-os de (O). Se esta hipótese estiver correta mesmo, os argumentos (A), (S) e (O), na língua Maxakalí, são distintamente codificados, o que faz com que o sistema de Caso do Maxakalí seja do tipo tripartido. A marcação tripartida de Caso dá margem a duas questões adicionais que pretendo responder neste trabalho: o estatuto do Caso absolutivo na língua Maxakalí e se, no âmbito da Teoria Gerativa, o Caso ergativo da língua Maxakalí é estrutural ou inerente. Com base na Teoria do Caso e em Legate (2006) buscarei evidências para defender a posição segundo a qual o Caso absolutivo na língua Maxakalí é apenas um rótulo tipológico para dois Casos distintos: Caso nominativo e Caso acusativo. De acordo com essa hipótese, os argumentos (S), codificados pelo prefixo pessoal {-ũ}, receberiam o Caso nominativo. Tal Caso seria valorado em Spec-T em função da concordância que há entre o predicador e o argumento. Já os argumentos (O) receberiam o Caso acusativo, que seria valorado em Spec-V. A distinção morfológica entre (S) e (O) seria uma evidencia de que tais argumentos recebem Casos distintos. Por fim, postularei que Caso ergativo em Maxakalí corresponde a Caso inerente.


11. Um Estudo do Léxico Apinajé: Classes de verbos 
Christiane Cunha de Oliveira/UFG
O léxico do Apinajé inclui verbos que se organizam em classes, as quais se subdividem em dois blocos fundamentais: (a) verbos que manifestam pares de radicais que se complementam semanticamente em torno da distinção de número, além de outras propriedades semânticas; e (b) radicais verbais que compartilham certos formativos. Dentro deste último bloco, há as classes de verbos que se caracterizam por regularidades exclusivamente formais, ou seja, os formativos não manifestam qualquer tipo de informação semântica que seja; e há as classes em que os morfes compartilhados remetem a traços semânticos subjacentes. Em outras palavras, na primeira instância, os formativos são semanticamente vazios, enquanto na segunda, há uma subcategorização morfo-semântica dos verbos, pois a presença do formativo faz com que todos os membros da classe compartilhem também certos conteúdos semânticos de maneira relativamente clara. É importante notar que, apesar da nuance semântica expressa, tais formativos não constituem morfologia derivacional ou flexional produtiva. Pelo contrário, os morfes em questão são formas cristalizadas que aparecem recorrentemente nos verbos. De um ponto de vista histórico, é possível notar que alguns destes formativos evoluíram a partir de morfemas de terceira pessoa, havendo sido posteriormente reanalizados como parte do radical verbal; outros parecem ter evoluído a partir de nomes; e finalmente, há os que parecem ter constituído um inventário de morfemas derivacionais produtivos num estágio anterior do desenvolvimento da língua. No presente estudo, serão abordadas as classes verbais morfo-semânticas identificadas nos dados do Apinajé, bem como os formativos que motivam a categorização dos verbos nesses termos. Adicionalmente, serão tecidas algumas considerações sobre como esta subcategorização lexical se repercute na expressão morfológica de categorias gramaticais pertinentes à classe maior dos Verbos.

12.Mebengokré: aprendizagem:etnologia 
ClariceCohn/PG.UFSãoCarlos

Os Mebengokré têm na língua um meio privilegiado de falar de e expressar o kukradjà, o modo propriamente mebengokré de ser, a condição mebengokré. A língua, me kaben, é algo que humaniza e permite a ação propriamente humana e mebengokré, e o domínio lingüístico é marca importante de humanização e socialização de crianças e cativos. O bom domínio da fala e a boa oratória são propriedades dos chefes e da chefia, e marca a maturidade masculina, que deve vir acompanhada do domínio da oratória; marca, também, em deferentes formalizações, o início e o fim de eventos, e o ritual. Por outro lado, cisões políticas são remetidas à má fala, kaben punu, enquanto a fala do chefe é a “boa fala”. Essa comunicação propõe acompanhar as valorações e os usos da língua para os Mebengokré, de modo a demonstrar como para eles sua condição se define por meio do bom ou do mal uso da fala, e do domínio da língua, de modo a ser tanto meio de expressão de uma ética quanto meio de produção de pessoas e de coletivos e coletividades.

13. Análise acústica das vogais centrais da língua Parkatêjê 
Cinthia de Lima Neves/G-UFPA

Parkatêjê é uma língua Timbira, do tronco lingüístico Macro-Jê, falada atualmente em duas aldeias localizadas ao longo da BR-222, uma no km 25 e outra no km 30, a 30 quilômetros do sul de Marabá, no município de Bom Jesus do Tocantins, sudeste do estado do Pará. O contato com a língua portuguesa, dado pela interação com os kupẽ (nome atribuído pelos parkatêjê aos não-índios) que vivem nas aldeias coloca essa língua em situação de risco. Ela necessita, portanto, de urgente descrição. Segundo Iivonem (1991), a representação do sistema sonoro por meio da acústica descreve os sons de forma mais científica e menos empírica, pois permite que características relevantes para a percepção de diversos sons no sinal acústico sejam observadas (formantes, duração, intensidade, freqüência fundamental). Esse tipo de análise é segmento fundamental para a boa descrição de qualquer língua e pode contribuir no avanço do estudo histórico-comparativo no Tronco. O objetivo deste trabalho é apresentar alguns resultados da análise acústica para verificação da qualidade das vogais centrais (encontradas em sentenças) Parkatêjê, as quais tiveram seus dois primeiros formantes (F1 e F2) medidos com o auxílio do software PRAAT – que mostra os diagramas do espectro da fala e da onda sonora simultaneamente – e os resultados analisados estatisticamente através da produção de gráficos. Espera-se que esse tipo de análise permita uma compreensão mais abrangente de alguns fenômenos fonético-fonológicos da língua.



14. Família Karirí – uma tentativa de reconstrução 
Davi Borges de Albuquerque – G-UnB
O presente trabalho tem o objetivo de reconstruir os proto-fonemas e, consequentemente, alguns itens lexicais da família Karirí. Como objetivo secundário, são apresentados argumentos para fortalecer a hipótese do tronco Macro-Jê, especificamente da filiação da família Karirí a este tronco.

15. A fonologia do Cayapó do Sul: uma análise de um vocabulário do início do séc. XX 
Eduardo Alves Vasconcelos/PG-UnB
Segundo Ataídes (1998), os Cayapó do Sul ocupavam a região que se estende desde o nordeste do Mato Grosso do Sul até o Triângulo Mineiro, com uma maior concentração no centro sul de Goiás. Ainda segundo Ataídes, o contato oficial deste grupo com os europeus data do século XVIII com a Bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, fundador da atual cidade de Góias. Este estudo tem o objetivo de apresentar o sistema fonológico da língua falada pelos Cayapó do Sul a partir do vocabulário coletado por Alexandre de Souza Barbosa, em 1911, no extremo oeste do sertão da Farinha Podre, antiga denominação do Triângulo Mineiro. Este vocabulário foi coletado com quatro índios ainda jovens e uma senhora, mãe destes, e publicado por primeira vez por Giraldin (1997). O estudo do sistema fonológico da língua Cayapó do Sul, a partir dos vocabulários disponíveis, poderá trazer importantes esclarecimentos sobre as relações lingüísticas da família Jê.

16. Matto Grosso como o local de origem do tronco Macro-Jê: uma hipótese 
Eduardo Rivail Ribeiro/U.Chicago/MA-UFG
Este trabalho discute avanços recentes nos estudos comparativos do tronco Macro-Jê e suas possíveis conseqüências para teorias sobre o provável local de origem do Proto-Macro-Jê. De acordo com a classificação mais conhecida do Macro-Jê (Rodrigues 1986, 1999), o tronco se comporia de doze famílias: Jê, Maxakalí, Krenák, Kamakã, Puri, Karirí, Iatê, Karajá, Boróro, Ofayé, Rikbaktsá e Guató. A maioria das famílias do tronco estaria, assim, a leste do Rio Araguaia, o que sugeriria o leste brasileiro como um provável local de origem do Proto-Macro-Jê. Como observa Urban (1998:91), "esta [a parte leste do Brasil] poderia ser a zona de origem do Macro-Jê, uma especulação que poderia ser iluminada por reconstruções das relações internas entre as famílias Macro-Jê nesta área (Maxakali, Botocudo, Puri e Kamakã). Se forem apenas remotamente relacionadas umas às outras, esta seria uma área de grande diversidade lingüística para o grupo Jê e, assim, um possível local de dispersão ocorrida há 5 ou 6 mil anos." No entanto, estudos recentes (Adelaar 2005, Ribeiro & van der Voort a sair) demonstram que as famílias Chiquitano (Bolívia e MT) e Jabutí (Rondônia) devem, de fato, ser incluídas no tronco Macro-Jê. Isto, somado à possibilidade de que pelo menos algumas das famílias orientais do Macro-Jê podem formar um subgrupo genético (Ribeiro 2007), sugere a plausibilidade de uma hipótese oposta àquela levantada por Urban: a de que a origem do tronco Macro-Jê estaria, afinal, no oeste do Brasil -- muito possivelmente no velho "Matto Grosso" (MT, MS e RO), onde estariam pelo menos cinco famílias extremamente distintas entre si: Ofayé, Boróro, Rikbaktsá, Jabutí e Chiquitano (a família Karajá que, apesar de se concentrar na margem direita do Araguaia, tem falantes também na margem esquerda, poderia ser acrescentada a esta lista). Esta hipótese, caso correta, teria implicações interessantes para a compreensão dos movimentos populacionais na América do Sul pré-colombiana em geral, e, em particular, para a hipótese de relacionamento genético entre Tupí, Karib e Macro-Jê, proposta por Aryon Rodrigues (1985, 2000).

17. Fronteiras e fluxos simbólicos: notas para uma teoria da educação em saúde em áreas indígenas 
 Estêvão Rafael Fernandes/ENSP/ FIOCRUZ

Este trabalho busca se debruçar sobre a educação em saúde em áreas indígenas. Prática comum desde o princípio do indigenismo, presentes desde o tempo em que Rondon preconizava as ginásticas suecas, passando por cartazes e cartilhas até os mais modernos CD-Roms e DVDs sobre DSTs/Aids, a análise dessas práticas educacionais passam por saberes interdisciplinares da pedagogia, história, antropologia e saúde pública. Que implicações o modelo pedagógico aplicado hoje nas aldeias indígenas do Brasil pela Fundação Nacional de Saúde possuem frente às práticas pedagógicas e cosmológicas das populações nas quais se inserem? . Que implicações há, por exemplo, em se dizer a um índio que seja "higiênico cortar unhas do pé", ou que deva usar preservativos? As reflexões aqui virão a partir do caso Xavante, povo de língua Jê do Mato Grosso, com o qual tenho convivido há dez anos, privilegiando seu universo sócio-cosmológico.

18. Crianças Trilingües: uma questão para as escolas Tapirapé-Karajá 
Eunice Dias Paula/PG-UFG Luiz Gouvêa de Paula/PG-UFG.

Na região da confluência do Rio Tapirapé com o Rio Araguaia, nordeste de Mato Grosso, há duas aldeias Karajá denominadas Hawalora e Itxala e uma Tapirapé chamada Majtyritãwa. Nessas aldeias há um grande número de casamentos entre membros das duas etnias, o que tem gerado uma situação sociolingüística bastante peculiar, com a presença de muitas crianças falantes de três línguas: a língua do pai ou da mãe, que pode ser Karajá ou Tapirapé e o português, esta última por força do contato com os não-indígenas. Por outro lado, nota-se também a presença de crianças que falam apenas uma das línguas indígenas. Esta situação é bastante desafiadora para os professores indígenas, pois eles se defrontam na sala de aula com os dois casos, sendo que, por vezes, a língua de um grupo de crianças não é a mesma falada pelo professor. Ressalte-se o fato de a língua Karajá pertencer ao tronco Macro-Jê e a língua Tapirapé ao tronco Tupi. Neste artigo procuraremos abordar os critérios que orientam a escolha da língua de ensino pelos professores e como acontece o trabalho em sala de aula.


19. Propriedades do Caso ergativo em línguas Jê 
Fábio Bonfim Duarte/UFMG

Busca-se fornecer uma análise dos sistemas de Caso em algumas línguas Jê. A questão que se coloca para a teoria de Caso é sabermos se há quatro Casos estruturais distintos: o ergativo, o absolutivo, o nominativo e o acusativo, ou se há apenas dois: o nominativo e o acusativo. Acompanhando intuições de Woolford (2006), entreteremos é que ergativo equivale, ao final de contas, a Caso inerente, o qual é atribuído não estruturalmente em Spec-vP. Uma das fortes evidências a favor desta análise surge de dados de línguas como Xikrin, Maxacali, Apãniekra e Apinajé, nas quais a realização do Caso ergativo está diretamente associada à atribuição do papel temático [+Desencadeador]; ao traço aspectual da sentença; e ao fato de o núcleo funcional T de orações encaixadas não poder valorar o Caso nominativo.

20. Categorias de aspecto e modalidade em Canela 
 Flávia de Castro Alves /UnB

Uma série de palavras funcionais pode ocorrer no final da oração em Canela para expressar categorias de aspecto e modalidade. Tais categorias são indicadas lexicalmente pelo uso de verbos (não-)flexionados no final da oração. Este trabalho ilustrará cuidadosamente o padrão encontrado chamando a atenção para as seguintes propriedades morfossintáticas: a) na expressão da modalidade avaliativa e da polaridade negativa, a oração é analisada sincronicamente como um predicado simples, no qual o verbo etimologicamente subordinado fornece o núcleo lexical da nova oração principal, e o verbo etimologicamente principal dá origem a uma distinção de aspecto-modo; as palavras funcionais que codificam categorias de modalidade e polaridade negativa são analisadas como auxiliares: (1) pe wa i-j-õt ŋkrirɛ (PD 1 1-PR-dormir.NF ser.pouco) ‘eu dormi pouco’; (2) ka ha a-wrɨk narɛ (2 IRR 2-descer.NF NEG) ‘você não vai descer’; (3) ka i/-tヘn pötSet (2 3-fazer.NF um) ‘você o fez uma vez'; (4) pa/-prõ apu ampヘ j-«mi)r tヘ/hi (1incl-esposa PRG algo PR-moquear.NF muito) ‘nossas esposas estão moqueando muito (alguma carne)’. b) construções com certos verbos de movimento, de posição e de ação, codificando categorias aspectuais perfectivas (completivo, terminativo) e imperfectivas (ingressivo, progressivo, continuativo), são sintaticamente ambíguas: podem ser analisadas como estruturas bi-oracionais (o verbo final como um verbo principal (transitivo)) ou como orações simples (com um auxiliar (flexionado ou não)): (5) ka apu a-j-Îpen tヘ h-amrE (2 PRG 2-PR-trabalhar.NF SUB 3-acabar) ‘você está acabando de trabalhar’; (6) ka ha a-j-Îp«n tヘ h-iku (2 IRR 2-PR-comer.NF SUB 3-parar) ‘você vai parar de comer’, (7) wa kupE)/-kHÎ j-apror tヘ i-NkrÎ (1 pano PR-levar.NF SUB 1-continuar) 'eu continuo comprando pano', (8) ku-tE hi) kHur kHãm tヘ i/-tE) m (3-ERG carne comer.NF POSP SUB 3-ir(NF) ‘ele começou a comer carne’.

21. O tratamento dos empréstimos na língua Apinayé 
Francisco Edviges Alburquerque/UFT

A língua Apinayé, língua indígena pertencente ao Tronco Macro-Jê, é falada por aproximadamente 1.600 pessoas, residentes em 16 aldeias, localizadas no extremo norte do Estado do Tocantins, região compreendida entre os rios Araguaia e Tocantins, conhecida como Bico-do-Papagaio. Nesse trabalho, discutimos o processo de incorporação de itens lexicais do Português na língua Apinayé, levando em consideração a tipologia de empréstimos abordada por Grosjean(1982), Romaine (1995), Braggio (1997), dentre outros. Além de descrever e analisar os processos de empréstimos, especialmente nos itens emprestaodos que levam o acréscimo das partículas –re e –ti, ressaltamos as diferenças entre as falas dos Apinayé da Aldeia Mariazinha e os da Aldeia São José.

22. Estatuto da posposição de Caso ergativo e de Caso dativo em Apãniekrá 
Isadora Maria de Barcelos Silva/PG-UFMG 
Fabio Bonfim Duarte/UFMG
O Apãniekrá apresenta um padrão de ergatividade cindido manifesto por meio da escolha dos morfemas de pessoa (forma livre ou forma presa) e condicionado pelo traço aspectual da sentença. Assim sendo, quando a oração apresenta aspecto imperfectivo, verifica-se que o núcleo Tº encontra-se ativado e apto a atribuir Caso estrutural nominativo aos sujeitos (A) das orações transitivas e aos sujeitos (S) das orações intransitivas. Já quando o aspecto é perfectivo, os sujeitos (A) de verbos transitivos recebem Caso ergativo. A hipótese que aventarei é a de que, nesta última situação, como o núcleo T não entra na derivação subespecificado para atribuir o Caso nominativo, o Caso ergativo será atribuído inerentemente ao DP que ocupa a posição de argumento externo e que, em geral, carrega o papel theta [+Desencadeador, +/-controle, -afetado]. Nossa hipótese é a de que este Caso é atribuído pelas posposições [.te] e [.ma], e não pelos núcleos T e v, contrariando assim o proposta de Woolford (2006), segundo a qual atribuição de Caso ergativo e dativos se dá por meio dos núcleos vo, no ponto da derivação em que o argumento é juntado em Spec-vP.

23. Ergatividade e transitividade em Canela 
Jader de Sousa Nunes IC/UnB 
Flávia de Castro Alves/ UnB

No alinhamento ergativo, o sujeito da oração transitiva (A) é marcado diferentemente do sujeito da oração intransitiva (S), que por sua vez é marcado da mesma maneira que o objeto indireto (O). O Canela, falado pelo povo Apãniekrá do Maranhão, apresenta construções em que a posposição ergativa tE pode ser estendida ao sujeito de verbos sintaticamente intransitivos. Tal extensão é encontrada apenas nas orações no passado recente: (1) ii-tE a-mã ii-katヘr (1-ERG 2-DAT 1-sair) 'eu encontrei você'; (2) hu)mrEi tE karÎ kãm i/i -katヘ)k (homem ERG veado LOC 3-explodir) 'o homem baleou o veado'; (3) ai-tE i-mã ai-kakHok (2-ERG 1-DAT 2-falar) ‘você conversou comigo’; (4) hu)mrETOP kui-tE rヘp mã ii-pikHrar (homem 3-ERG cachorro DAT 3-assustar ‘o homem, ele assustou o veado’. Nesses exemplos, S é expresso por um pronome dependente prefixado ao verbo e por um (pro)nominal seguido pela posposição ergativa.
A explicação para esse fenômeno está sendo investigada e considera três hipóteses: 1) se a transitividade dos verbos (e a extensão da marcação ergativa) em Canela deve ser compreendida como uma propriedade da oração, como afirmam Hopper & Thompsom (1980), ou 2) se é preciso tratá-la como um fenômeno inerente às raízes verbais, como afirma Payne (1985), ou 3) se é melhor considerar nessa extensão uma das propriedade funcionais dos sujeitos gramaticais (Keenan 1976): a agentividade. Essa terceira hipótese justifica-se uma vez que a extensão da posposição ergativa é restrita à subclasse agentiva dos verbos intransitivos. A posposição não ocorre com verbos não-agentivos, embora a oração expresse um evento ocorrido no passado recente: (5) ikHrE pi)n i/-p«m (casa LOC 3-cair) 'ele caiu de cima da casa'.


24. Estudos linguageiros de rito Krahô – Cantigas de Pemb´kahák 
Jane Guimarães Sousa/UFT
Esta comunicação apresentará um panorama do estudo a ser realizado da língua Krahô, a partir de Cantigas de PEMB ´KAHÁK, ritual de passagem de uma fase da vida à outra fase (fase da adolescência – fase da vida adulta), também de iniciação guerreira. A realização desta pesquisa perpassará diferentes etapas relativas às análises lingüísticas: transcrições fonético-fonológicas; estudos morfossintáticos para apreender os itens lexicais e estruturas oracionais materializadas nas cantigas visando à construção, a partir dos itens lexicais presentes nas cantigas PEMB ´KAHÁK, de um pequeno dicionário. Superada esta etapa, chegar-se-á à análise do discurso, fase de apreensão no intradiscurso (superfície lingüística) das cantigas PEMB ´KAHÁK, dos sistemas de valores, saberes de conhecimento e crenças, que desvelarão, na semiologia de sua produção, o sentido psicossocial do discurso krahô materializado nas cantigas.

25. Contribuições da descrição e análise lingüísticas para o ensino de Yaathê como língua materna. 
Januacele Francisca da Costa/UFAL

A língua Yaathe é falada pelo povo Fulni-ô, cuja aldeia está localizada no município de Águas Belas, no Estado de Pernambuco. Na escola da aldeia, faz-se o ensino formal, da alfabetização até a 8ª série do fundamental, na língua portuguesa. Os Fulni-ô desejavam que a sua língua materna tivesse um lugar na escola. Esse desejo foi realizado e professores falantes de Yaathe foram contratados pela Secretaria de Educação do Estado. Desde então, vem-se trabalhando em busca de uniformizar a escrita e produzir materiais didáticos de forma mais sistemática. Para esses fins, estamos trabalhando junto com os professores, analisando textos escritos por eles e discutindo propostas de escrita, tanto no plano da representação gráfica de sons, como de palavras e sentenças. Assim, aos poucos, estamos elaborando um conjunto de textos, que são acompanhados de regras gramaticais nos níveis fonológico, morfológico e sintático, e um dicionário escolar.

26. Relação de gênero entre os kaingang e xokleng : um estudo comparativo 
Juracilda Veiga/FUNAI

Esse estudo pretende fazer uma comparação sobre a questão de gênero entre esses dois povos jê meridionais procurando destacar, o que marca distintivamente, em cada sociedade a construção de gênero e de modo especial como é construída a representação da masculinidade. Essas sociedades são aparentadas entre si e falam línguas que são dialetalmente próximas. Exercitavam-se na guerra e faziam prisioneiros principalmente entre mulheres e crianças. A mitologia de ambos registra diferenças marcantes ao narrar a constituição do povo destacando a diferenciação dos homens em relação às mulheres.

27. Estudos linguageiros sobre o discurso de ritos Krahô 
 Juscéia Aparecida Veiga Garbelini/PG-UFT

Saberes, teorias e objetos de matrizes ocidentais traçam o horizonte da maioria das pesquisas, como se vivêssemos em uma ágora ampliada. A proximidade espacial, no Estado do Tocantins, de grupos constituídos por outras matrizes socio-histórico-culturais, as etnias Karajá, Karajá-Xambioá, Xerente, Apinajé, Javaé, Krahô, propicia um profícuo diálogo intercultural, permitindo uma ampliação do conhecimento para além da ágora, “sem medo de ir aonde não encontramos mais as luzes projetadas por nossa própria imagem.” Destacamos o povo Krahô, cuja língua ainda não foi objeto de um amplo estudo, sobretudo sob a ótica discursiva. Objetiva-se, assim, o discurso, prática concreta entre sujeitos reais, forjador da realidade social. Que arranjos lingüísticos tecem, medeiam as trocas sociais ampliadas, envolvendo todo o grupo em ritos? O corpus constituir-se-á de cantigas extraídas do CD de músicas da etnia Krahô, realizado pela FACOMB – Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás –UFG, a saber: cantigas de Hokrepôj, Kyiré, Yot-yon-pin, Wĩtĩ. Serão realizados estudos envolvendo os diferentes níveis de análise: fonético-fonológicos, morfossintáticos, semânticos, pragmáticos e discursivos. Um amplo universo cultural emergirá, através da descrição do discurso Krahô, o qual desvelará como a vida se dá, numa compreensão que ultrapassa as balizas ocidentais. Através dos estudos linguageiros da etnia Krahô compreender-se-á melhor os engenhos da condição humana na criação de uma realidade psicossocial-discursiva.

28. Relação língua/cultura/pensamento: reflexão sobre os classificadores em Xerente 
Kênia Mara de Freitas Siqueira/PG-UFG Silvia Lucia Bigonjal Braggio/UFG
Toda língua desenvolve um inventário único e extremamente rico de recursos simbólicos para expressar relações no espaço, no tempo, relações de grandeza, de formato, e outros tantos domínios. Em inúmeras línguas os falantes utilizam as partes do corpo para expressar a natureza específica das coisas do mundo, por analogia, especificam o que é redondo, cilíndrico, fino, comprido. À analogia criada, se desenvolvem processos metafóricos. Segundo Heine Hunnemeyer (1991), o corpo humano é a fonte natural de todo processo metafórico, para Posey (1984), embora não único , o corpo humano é instrumento preponderante na atribuição de significado e essa base corporal é a principal figura metafórica utilizada em muitas língua, processo que, posteriormente pode passar por uma gramaticalização, fazendo com essas metáforas “saiam” do âmbito, puramente lexical, para se tornarem palavras funcionais na língua, i. é, tornem classificadores.Dessa forma, este estudo objetiva analisar a relação entre esses processos de analogia e a provável gramaticalização dessas palavras (parte do corpo) em termos funcionais, na língua Xerente. Para tanto, analisar os dados à luz da relação língua, cultura e pensamento.
29. Intransitividade cindida em Jê Setentrional 
Laísa Fernandes Tossin (PG-UnB) 
Flávia de Castro Alves (UnB)
Quando S (os únicos participantes (agente ou paciente) de um verbo intransitivo) não é uma categoria unificada, tal oposição é representada pelos termos SA e SO, respectivamente único participante agente (como A) e paciente (como O) de um verbo intransitivo. Essa distinção gramatical entre SA e SO (conhecida, entre outras denominações, como intransitividade cindida) é atestada em quatro das cinco línguas Jê Setentrionais: Apinajé, Me)bengokré, Suyá e Timbira; a exceção é o Panará. As propriedades morfossintáticas deste tipo de oração incluem o verbo em sua forma não-finita, ausência de auxiliares (pós-verbais) e tratamento morfológico paralelo entre A e SA (argumentos externos, não-marcados) e entre O e SO (internos, não-marcados, podendo ser codificados por prefixos verbais) (Castro Alves 2007). O objetivo deste trabalho é mostrar que o contraste semântico (ativo-estativo ou agente-paciente, na tipologia de Mithun (1991)) que subclassifica os verbos intransitivos nas línguas Jê Setentrionais é melhor compreendido em termos da distinção agente vs. paciente. Em Apinajé, Me)bengokré, Suyá e Timbira, os argumentos de alguns verbos intransitivos são categorizados como agentes transitivos enquanto os argumentos de outros como pacientes transitivos, configurando assim o padrão exibido por uma língua agentiva. Embora a marcação SO ocorra principalmente em verbos que codificam estados e atributos, essa marcação também ocorre com verbos que semanticamente codificam eventos e ações não-controlados pelo sujeito. Em Apinajé, verbos como grà 'secar', j&o 'esvaziar', kak 'tossir', kabro 'menstruar' (Oliveira 2003), em Me)bengokré dZÃkoro 'respirar', tö)m 'cair' (Cabral & Costa 2004), em Suyá mb«r« 'chorar', tãmã 'cair', kut« 'cheirar' (Santos 1997) e em Timbira tErtEt 'tremer', p«m 'cair' (Castro Alves 2004), mostram que verbos intransitivos são classificados de acordo com o grau de agentividade do argumento sujeito.


30. Reconstrução do Proto-Boróro: resultados preliminares. 
Lincoln Almir Amarante Ribeiro/UFMG -GICLI/UEG 
Eduardo Rivail Ribeiro/U.Chicago/MA.UFG

Neste trabalho, apresentamos os primeiros resultados de um projeto que visa à reconstrução da fonologia, da morfologia e do léxico do Proto-Boróro, o ancestral comum às três línguas atestadas da família Boróro (Boróro, Umutina e Otukê). Além de apresentarmos um esboço da fonologia da proto-língua, pretendemos avaliar as conseqüências que tal reconstrução pode vir a ter para um melhor conhecimento da morfologia e para a identificação de cognatos adicionais com as demais famílias do tronco Macro-Jê.

31. Intransitivização em M˜ebengokre 
Maria Amélia REIS SILVA/ University of British Columbia
Apesar de que o M˜ebengokre seja uma língua tipologicamente isolante ela possui um limitado conjunto de prefixos que mudam a valência do verbo. Neste trabalho se explora a hipótese de que em M˜ebengokre o prefixo aj- codifica alternância causativa/incoativa. Essa alternância se refere a verbos que podem ocorrer em duas formas: em uma forma transitiva com ambos argumentos agente e tema (causativa), como mostra o exemplo (1a), e em uma forma intransitiva (incoativa), exemplo (1b), com o argumento que sofre a mudança, neste caso o tema, em posição de sujeito.
(1)
a. ba Nojktã katE (TRANSITIVO/CAUSATIVO)
1suj copo quebrar
‘Eu quebrei o copo’

b. Nojktã aj-katE (INTRANSITIVO/INCOATIVO)
copo INT-quebrar
‘O copo quebrou’
Observe que a principal diferença morfológica entre (1a) e (1b) é presença do morfema aj- na forma intransitiva do verbo. Que a ocorrência de aj- elimina o argumento agente é evidente pelo fato de que tal argumento não é possível com a forma intransitivizada ajkatE exemplificada em (2a) (* significa que a oração não é correta na língua). Porém, é possível retransitivizar (causativizar) a forma intransitivizada do verbo adicionando o verbo O ‘fazer’. A presença do causativo O permite a reintrodução do argumento agente como pode ser visto no exemplo (2b).
(2)
a. * ba Nojkrtã aj-katE
eu copo INT-quebrar
‘Eu quebrei o copo’
b. ba Nojktã O-aj-katE
1suj copo INT-quebrar
‘Eu quebrei o copo’
Os dados apresentados acima levantam uma série de perguntas sobre a classificação morfológica, sintática e semântica sobre os verbos que seguem essa padrão de alternância. Como este estudo se encontra em andamento eu apresento alguns dos resultados preliminares desta investigação: (i) apresento uma classificação dos verbos que participam desta alternância e discuto como eles não formam uma classe homogênea com base em um critério puramente mofológico; (ii) discuto as possiveis nuances semanticas dos prefixos que se combinam com as raízes que participam da alternância causativa/incoativa.

32. Uma proposta de ensino das línguas Karajá e Javaé numa perspectiva bilíngüe intercultural 
Maria do Socorro Pimentel da Silva/UFG
Nesta comunicação, apresentaremos a experiência com o ensino das línguas Karajá e Javaé, em uma perspectiva bilíngüe intercultural, conforme vem sendo trabalhado no Curso de Licenciatura Intercultural de formação de professores indígenas da Universidade Federal de Goiás. Tradicionalmente, ensino de línguas, pelo menos como é tratado na maioria das escolas indígenas, independentemente da concepção que o fundamenta, refere-se às línguas que, na melhor das hipóteses, considera suas riquezas, suas especificidades, seus contextos de produção. Nessa concepção, o ensino centra-se no aspecto lingüístico – escrito – e deixa de lado o aspecto cultural e intercultural. Nesse sentido, outorga-se à língua escrita toda atenção e perdem-se de vista as potencialidades da oralidade. Confunde-se o desenvolvimento da interculturalidade com a aprendizagem da lectoescritura. Numa proposta de ensino de línguas em contextos interculturais não se deve pensar nas línguas apenas em si mesmas, mas em suas relações com a ecologia – solo, clima, hidrografia, pássaros, árvores etc –, e também com a composição étnico-cultural da comunidade.

33. Proposta tipológica para um dicionário da língua Javaé (Karajá) 
Maurício Amaro de Souza/PG-UFG Christiane Cunha de Oliveira/UFG
Neste trabalho são apresentados os resultados iniciais de uma pesquisa lexicográfica sobre a língua Javaé. O objetivo maior do projeto é a produção de um dicionário bilíngüe Javaé-Português para uso da comunidade de falantes do Javaé, tanto no contexto escolar como no contexto social mais amplo. Espera-se também que a obra lexicográfica sirva o propósito de contribuir para a documentação desta língua, que ainda se encontra relativamente pouco estudada. A construção de um dicionário da língua Javaé dependerá não só de conhecimentos sobre lexicologia, lexicografia, tipologia de dicionários e o léxico da língua, mas também de uma participação ativa da comunidade Javaé, dado o seu papel central neste processo. Assim, além de documentar as características inerentes da língua, o dicionário, conforme concebido aqui, deverá contemplar também a exigências da comunidade, no que diz respeito à sua identidade étnica e cultural. Considerando-se, ainda, que a ortografia é elemento indispensável para a confecção da obra lexicográfica e que a comunidade Javaé ainda não possui uma ortografia pronta e acabada, um diálogo deve ser estabelecido entre/com os falantes desta língua, para decidir por um modelo que satisfaça seus anseios lingüísticos e sociais. Em conclusão, o objetivo específico deste trabalho é o de apresentar alguns modelos possíveis para a organização de um dicionário Javaé e, a partir destes, situar o tipo que a comunidade Javaé venha a eleger e adotar como modelo mais adequado para sua realidade.

34. Povo Umutina: a busca da identidade linguística e cultural 
Mônica Cidele da Cruz /PG-Unemat

A língua Umutina é considerada uma língua morta. Nas histórias amplamente repetidas em cantos e danças, os Umutina têm denunciado o violento processo em que, quase totalmente dizimados, foram obrigados a falar o português e esquecer sua língua nativa, por conta de interesses sociais, políticos e econômicos da época. . A situação agravou-se, ainda mais, quando morreu, em 2004, Jula Paré, o último falante da língua, o que caracterizou, de fato, a morte total do idioma nativo. Nasce, a partir daí, o projeto de “revitalização” da língua e cultura Umutina, desenvolvido pelos jovens da comunidade. E é nesse processo pelo qual essa comunidade se envolve para resgatar a história (língua, cultura, rituais, danças) de seus ancestrais que recai o meu interesse. Portanto, estudar os procedimentos lingüísticos que uma comunidade indígena lança mão para resgatar uma língua materna, considerada morta, é algo novo no contexto de pesquisas sobre línguas indígenas no Brasil.


35. Relações interlingüísticas entre os Avá-Canoeiro e os Javaé 
Mônica Veloso Borges/UFG

Os Avá-Canoeiro, falantes da língua Avá-Canoeiro, pertencente ao Subgrupo IV das línguas Tupi-Guarani, reduz-se a um contingente populacional de vinte e duas (22) pessoas, distribuídas em dois grupos. O menor é composto por seis (06) indígenas que vivem, desde 1983, na Área Indígena Avá-Canoeiro, nas proximidades dos Municípios de Minaçu e Colinas, no Estado de Goiás. A maioria da população reside, desde 1973, na Aldeia Canoanã, dos índios Javaé (Macro-Jê), próxima à cidade de Formoso do Araguaia, na Ilha do Bananal, no Estado do Tocantins. Há ainda uma família que vive na Aldeia Javaé Boto Velho, também na Ilha do Bananal, próxima à cidade de Lagoa da Confusão. Nesta comunicação tratarei das relações interculturais entre os povos Avá-Canoeiro e Javaé, nas Aldeias de Canoanã e Boto Velho, bastante distintos etnolingüisticamente. Abordarei aspectos dos conflitos sociais, dos casamentos interétnicos e das relações de amizade e vizinhança, e as trocas resultantes desse contato na língua Avá-Canoeiro. Os dados para esta pesquisa foram por mim coletados de 2004 a 2007.


36. Análise e descrição de alguns aspectos fonéticos e fonológicos das consoantes da variedade étnica do português falado pelos Xerente – aportes sociolingüísticos 
Paulo Henrique Gomes de Andrade/PG-UFG Silvia Lucia Bigonjal Braggio/UFG

Atualmente no Brasil as pesquisas lingüísticas na área do bilingüismo são poucas, principalmente no caso de bilingüismo conseqüente do contato de línguas indígenas com o português. Neste trabalho é analisado a situação sociolingüística do povo Xerente-Akwẽ, que pertence à família lingüística Jê, tronco Macro Jê (RODRIGUES, 1986). Somam hoje por volta de 3.100 indivíduos, que se dividem em aproximadamente em 53 aldeias distribuídas nas Terras Indígenas Xerente. Apesar de tratar neste estudo de uma situação de bilingüismo, não tratamos especificamente da situação de bilingüismo dos Xerente, mas da variedade do português falada por eles. O objetivo deste estudo é a análise e descrição do português falado pelos Xerente-Akwẽ, onde foram focados alguns aspectos fonéticos e fonológicos desta variedade do português. O português falado pelos Xerente, como demonstrado na análise dos dados, apresenta marcas fonéticas e fonológicas que não são próprias do português falado na mesma região. Um caso comum ocorrido na fala do Xerente é a substituição de fonemas inexistentes em sua língua por outro existente nela, como é o caso do fonema / pelo fonema fricativo retroflexo alveolarfricativo alveopalatal desvozeada / /; outro exemplo muito freqüente é a troca do fonema fricativodesvozeada / /. Há/ pela fricativa retroflexa alveolar vozeada /alveopalatal vozeada / também exemplos de monotongação, apagamento de sílabas e de vogais orais que são processos que estão ocorrendo também em sua língua materna.

37. O Papel da L1 na aquisição da L2 escrita na Escola Indígena Xerente 
Raquel Peixoto Ferreira Vieira/PG-UFG
Este estudo busca identificar o papel da primeira língua da criança Xerente - L1, na aquisição do português escrito como segunda língua - L2, a partir de dados coletados de 1998 a 2000 (Banco de Dados Xerente) na escola indígena Xerente Waĩkarnãse, na aldeia Salto, Tocantins, nas duas primeiras séries de aquisição do português escrito. Assumimos como pressuposto básico da pesquisa, refletir sobre como se dá esse processo de aquisição, considerando a abordagem sociopsicolingüística utilizada no contexto de produção da língua escrita em sala de aula e a concepção de que o falante bilíngüe não deve ser comparado ao falante monolíngüe de uma língua-alvo como postulava Bloomfield (1933, apud Grosjean, 1982). Adotamos como referencial teórico-metodológico, o estudo de caso no âmbito da pesquisa qualitativa. A partir dessas diretrizes, ressaltamos que a produção escrita parte do uso real e funcional das línguas na comunidade, buscando valorizar o conhecimento lingüístico e de mundo da criança, evidenciado nos textos das crianças indígenas Xerente, produzidos em L2, bem como a importância da inter-relação entre a L1 e a L2, na tentativa de mostrar os aspectos da L1 que devem ser considerados no processo de aquisição da L2 escrita.

38. Empréstimos do Português em Xerente Akwén 
Rodrigo Mesquita/PG-UFG Silvia Lucia Bigonjal Braggio/UFG
O povo indígena Xerente soma, atualmente, por volta de 3.100 indivíduos que falam uma língua de mesmo nome, da família Jê, tronco Macro Jê (RODRIGUES, 1986). Sua área indígena encontra-se no estado do Tocantins, a aproximadamente 80km da capital Palmas. Ali estão distribuídos em 56 aldeias, além de parte da população (aproximadamente 10%) que vive no centro urbano de Tocantínia, a cidade mais próxima. O que aqui pretendemos é descrever e analisar os empréstimos da língua portuguesa para a língua Xerente. Assim, nesta exposição, manteremos como foco a discussão acerca dos empréstimos em situação de contato lingüístico e sociocultural, assim como a observação de alguns processos lingüísticos e extralingüísticos destes, na linguagem oral dos falantes Xerente.

39. Marcas da oralidade Timbira na produção de textos escritos em Português 
Rosane de Sá Amado/USP

Este trabalho visa descrever e analisar marcas de oralidade da língua Timbira na produção de textos escritos em Português. Os textos foram produzidos por alunos Timbira, participantes do X Módulo do Ensino Fundamental da Escola Timbira, realizado pelas Secretarias de Educação do Maranhão e do Tocantins em conjunto com a Funai e com o Centro de Trabalho Indigenista (CTI). Os textos foram solicitados nas aulas de Português, ministradas por esta pesquisadora, em forma de redações nos gêneros descritivo, narrativo e expositivo-argumentativo. A partir da leitura, fez-se um levantamento de marcas de oralidade, tais como início e fechamento do texto, busca da atenção do leitor/ouvinte, uso indiscriminado dos discursos direto e indireto, entre outras. Este trabalho faz parte do projeto “Aquisição do Português como Segunda Língua entre Comunidades Timbira”, atualmente em andamento na Universidade de São Paulo.

40. Tipologias sociolingüísticas: macro-variáveis e seu papel no deslocamento das línguas. A língua Xerente Akwén. 
Silvia Lucia Bigonjal Braggio/UFG

A UNESCO vem apontando a necessidade de estudos sociolingüísticos em sociedades com línguas minoritárias já há quase 10 anos, dado que o número de indivíduos nessas sociedades não necessariamente coincide com o número de falantes, entre outros fatores. Neste sentido, tipologias sociolingüísticas vêm sendo elaboradas, principalmente a partir dos anos de 1990, a fim de detectar as macro-variáveis que atuam na desvitalização de línguas minoritárias em contato com línguas majoritárias, já que essas macro-variáveis atuam de forma complexa em relação às diferentes comunidades e seus contextos.Desvendar a sua atuação em um determinado momento sócio-histórico sobre o povo e a língua que fala é de grande relevância, pois pode se atuar sobre as variáveis, na tentativa de evitar o deslocamento da língua. Em vista de um longo percurso de trabalho com o povo indígena xerente akwén, pode se afirmar que há três macro-variáveis cruciais atuando na configuração sociocultural e, portanto, lingüística, desse povo: a dispersão areal (que implica na organização familial), a migração e a escolarização. Nesta comunicação trato de cada uma destas macro-variáveis, de seu papel no possível deslocamento da língua xerente akwén, tanto no âmbito do sistema quanto no de suas funções, usos e atitudes. O objetivo é trazer à luz não só a importância das tipologias sociolingüísticas, quanto de lidar, com o povo xerente akwén, com os fatores que muitas vezes são invisíveis aos seus falantes, e procurar, se possível, caminhos para evitar a perda de mais uma língua indígena brasileira.


41. Reflexões sobre a aquisição de língua pela criança Xerente 
Sinval Martins de Sousa Filho/UFG
Objetivo apresentar algumas particularidades da fala da criança akwén-xerente, procurando compreender o processo de aquisição da língua xerente. Desta forma, pretendo descrever e analisar, na medida do possível, as categorias lexicais e gramaticais utilizadas num processo de aquisição da referida língua. E, com isso, proporcionar à Lingüística e às escolas das áreas Funil e Xerente aspectos relevantes e importantes do funcionamento de um sistema lingüístico particular.

42. Estrangeiros Na Própria Pátria: uma experiência de ensino-aprendizagem de língua portuguesa com alunos da Licenciatura Intercultural da Universidade Federal de Goiás 
Tânia Ferreira Rezende Santos/UFG
O objetivo do presente trabalho é refletir sobre minhas impressões com a experiência que adquiri trabalhando com os alunos indígenas Xerente, Gavião e Tapuia, da Licenciatura Intercultural na Universidade Federal de Goiás, no desenvolvimento de atividades de escrita e reescrita de textos, no curso do Estudo Complementar “Português Intercultural”, durante sua Segunda Etapa de Estudos em Goiânia. Chamou-me a atenção, desde os primeiros contatos com os alunos, de minha parte (o outro, o não índio), o fato de eles falarem o português com sotaque e, da parte deles (o índio), o fato de eles afirmarem que não sabiam português e que tinham muita vontade de aprender. Durante as aulas, fui percebendo que as dificuldades apresentadas pelos alunos indígenas na escrita em português eram semelhantes às apresentadas pelos alunos não-indígenas, exceto por algumas marcas da interação entre sua língua materna e a língua portuguesa. Esses confrontos e constatações levaram-me a repensar os conceitos de nacionalidade, língua oficial ou idioma nacional e, conseqüentemente, o processo e a prática de ensino-aprendizagem da disciplina Língua Portuguesa, em um país factualmente plurilíngüe e pluricultural, que se orgulha, mas, ao mesmo tempo, ignora seu plurilingüismo.pluriculturalismo
43. Estratégias de indeterminação do sujeito em Canela 
Ana Gabriela Gomes Aguiar/IC-UnB) 
 Flávia de Castro Alves/ UnB
Este trabalho descreve um tópico específico da gramática do Canela (família lingüística Jê) falado pelos povos Apãniekrá e Ramkokamekrá do Maranhão, as estratégias de indeterminação do sujeito. O Canela, de acordo com as propriedades sintáticas e semânticas características descritas na literatura tipológica, não apresenta construções passivas básicas. No entanto, encontramos construções que se assemelham às passivas: médias (1b) e construções com sujeito não-especificado (2b) e (3b): (1a) i-tE kHruw kHwi)n (1-ERG flecha quebrar) ‘eu quebrei a flecha’, (1b) kHruw pi-kHwi)n (flecha média-quebrar) ‘a flecha quebrou-se’; (2a) i-tE hヘ)r tヘ tEp-prヘ-tSÎ tヘn (1-ERG embira INSTR tarrafa fazer) 'eu fiz tarrafa com embira', (2b) mE) hヘ)r tヘ tEp-prヘ-tSÎ tヘ (PL embira INSTR tarrafa(=peixe-capturar-MNZ.de.lugar) fazer) 'com embira faz-se tarrafa'; (3a) i-tE ikHrE tヘn j-ipej (1-ERG casa fazer PR-acabar) 'eu acabei de construir a casa', (3b) ikHrE amji j-ipej (casa RFL PR-acabar) 'a casa acabou-se (de ser construída)'. Em uma passiva, o sujeito da ativa correspondente é expresso por um elemento que não é nem o sujeito nem o objeto da passiva correspondente, ou nem é expresso. Ainda que não seja expresso, sua existência está ainda implicada pela passiva (cf.3b). Além de apresentar as propriedades gerais da voz média e das construções com sujeito não-especificado (1b,2b), discutiremos a possibilidade de considerar construções como em (3b), que fazem uso do pronome reflexivo amji e tem um agente implicado (ao contrário da voz média), um tipo de passiva na língua.


44. Descrição etnolingüística sobre a língua Pataxó na forma como era falada pelos meus antepassados 
 Valmores Tapurumã Pataxó /G-UFMG 
 Fabio Bonfim Duarte/UFMG

Num passado não muito distante, os nossos ancestrais falavam um idioma próprio, praticavam seus rituais e vivia uma relação de plena harmonia com a natureza. Após a invasão européia, toda esta tranqüilidade deixou de existir. Perdemos espaço em virtude de uma série de massacres e muito derramamento de sangue de nosso povo. Nesta época, apesar de sermos considerados semi-nômades, o nosso povo era sempre obrigado a levantar acampamento antes do tempo previsto. Por esses motivos, as atividades cotidianas como: cantos, danças, brincadeiras e principalmente a língua de origem passaram a ser uma prática realizada com menos freqüência no dia-a-dia dos Pataxó. Não sabemos datar exatamente, quando foi que o nosso povo deixou de falar a nossa língua. Segundo antropólogos e lingüistas, a língua Pataxó é considerada extinta. Contudo, na nossa concepção (professores, pesquisadores e lideranças Pataxó), a língua nativa Pataxó ficou apenas adormecida por longos anos. Em 1996, nós, professores Pataxó do Curso de Formação de Professores Indígenas de Minas Gerais, com a colaboração do antropólogo Augusto Laranjeira Sampaio (Guga), iniciamos um trabalho sobre a língua e a história da nossa etnia. Entre os anos de 1996 a 2006, realizamos diversas pesquisas e, a partir de então, muitas novidades começaram a surgir. Descobrimos que a nossa língua pertence ao tronco lingüístico Macro-Jê e que falávamos uma língua que pertencia à família lingüística Maxakali. Encontramos, em diversos trabalhos escritos por viajantes e antropólogos, fragmentos sobre a nossa língua. No intuito de ampliar o nosso leque de pesquisa, em 2006 ingressei-me no Curso de Licenciatura Indígena da UFMG. Por meio das aulas de lingüística com o professor Fabio Bonfim, pretendo entender as complexidades da língua que meu povo falava antigamente. Por fim, no término do meu curso, quero apresentar como material de pesquisa uma monografia, cujo temática está centrada na descrição da língua Pataxó na forma como era falada pelos meus antepassados. Em suma, esta pesquisa visa pesquisar todos os vestígios dessa língua.

45. Problematizando a classificação das línguas Jê setentrionais e o rótulo Timbira. 
Vanessa Lea/Unicamp
Os antropólogos tendem a depender dos lingüistas para informações sobre as línguas indígenas porque eles raramente têm a oportunidade de aprender a língua do povo que estudam. No entanto, pelo menos um artigo e um mapa publicados por lingüistas nos últimos vinte anos apresentam dados errados referentes a uma suposta proliferação de línguas Jê setentrionais. Tais erros se devem a uma confusão sobre os múltiplos etnonimos que aparecem na literatura. Alem disso, o rotulo Timbira é um legado histórico ultrapassado na medida em que opõe os Apinajé e os Mebengokre cujas línguas são muito próximas. Ao mesmo tempo, os Panará, cuja língua é muito distante de Mebengokre, são conhecidos como Kayapó meridionais. Pergunto como podemos solucionar tais discrepâncias entre a realidade e o que se publica, e como lidar com a perpetuação de “vacas sagradas” como o rotulo Timbira.

46. Tapirapé e Karajá: as idas e vindas de um contato cultural 
 Walkíria Neiva Praça/UCB – MEC/SECAD 
 Eduardo Rivail Ribeiro-U.Chicago/MA.UFG
Este trabalho discute empréstimos lingüísticos e culturais entre os Tapirapé (Tupí-Guaraní) e Karajá (Macro-Jê), povos indígenas do Rio Araguaia que vêm mantendo contato mais ou menos íntimo ao longo dos últimos séculos. As tradições orais de ambos os grupos registram que, além de contatos comerciais (e, não raramente, hostis) entre os Tapirapé e os Karajá propriamente ditos (habitantes do braço principal do Rio Araguaia), teria havido intensos contatos entre os Tapirapé e um subgrupo Karajá em particular, os Javaé, que habitavam tradicionalmente o interior da Ilha do Bananal. Contatos mais recentes -- e ainda em curso -- envolvem os Tapirapé e os Karajá da Barra do Tapirapé (dialeto Karajá do Norte), resultando em vários casamentos interétnicos e uma situação de bilingüismo doméstico.Além de servir para corroborar episódios registrados na história oral de ambos os grupos, o estudo dos empréstimos lingüísticos serve para ilustrar diferentes tipos (ou "camadas") de relações culturais, desde contatos comerciais superficiais a contatos culturais mais íntimos, resultantes da coabitação entre indivíduos de ambos os grupos. A continuidade do contato entre os Karajá do Norte e os Tapirapé, em particular, vem deixando uma marca profunda em vários aspectos da vida cotidiana, com conseqüências lingüísticas à primeira vista paradoxais -- um grande influxo de empréstimos lexicais em Tapirapé, por um lado, e, por outro, alterações na sintaxe do Karajá falado por membros de famílias mistas --, mas que encontram explicação na interessante dinâmica do contato entre ambos os grupos.

47. A estrutura silábica: condicionamento de coda e onset complexo em Xavante 
 Wellington Pedrosa Quintino/PG-UFRJ

Este estudo trata de um processo fonológico em Xavante e toma como hipótese que as Codas possíveis nessa língua são labiais sendo condicionadas pelo traço [+-voz] do Onset da sílaba seguinte. Também descreve o Onset Complexo em Xavante e os possíveis tipos silábicos nessa língua.

48. Construção Social de Fronteiras e Territorialização entre os Tapuios do Carretão 
Wildes Souza Andrade/G-UFG

Proponho analisar a construção da etnicidade entre o grupo indígena Tapuio do Carretão a partir da (re)elaboração e/ou negociação de uma identidade diferenciada frente ao Estado e à sociedade envolvente, como estratégia para a (re)apropiação de seu território. Sabe-se que a etnogênese dos Tapuios não é um caso isolado na etnologia brasileira. Frequentemente essas identidades, taticamente negociadas, são questionadas por serem vistas com pouca distintividade cultural em relação à população não-indígena. Nesse sentido, para pensar a questão da suposta inautenticidade dos indígenas atuais, principalmente os do Nordeste, visto que esses são produtos do intenso desenvolvimento do empreendimento colonizador sobre as populações indígenas – aqui incluo os Tapuios –, faz-se necessário uma incursão na discussão sociológica da etnicidade, debate encabeçado por Fredrik Barth. Também, a contribuição teórica de Oliveira Filho é fundamental para compreender a noção de territorialização, enquanto performance política, capaz de definir uma identidade específica a uma coletividade. Ainda, é imprescindível o subsídio etno-historiográfico de Ossami de Moura especificamente pelas reflexões acerca dos índios Tapuios.

49. Coroado da Aldeia da Pedra: análise fonológica sincrônica de um vocabulário Macro-Jê do século XIX. 
 Wilmar da Rocha D’Angelis/Unicamp

O que podemos aprender sobre a fonologia de uma língua Macro-Jê extinta, por uma análise fonológica sincrônica (não-fonêmica), sobre um vocabulário de cerca de 800 palavras? O exercício feito nessa comunicação pretende sustentar a importância crucial de se olhar para os vocabulários das línguas extintas como matéria prima de interpretação de seus sistemas fonológicos, para que, como tais, sejam cotejados com outros sistemas fonológicos contemporâneos e posteriores. Toma-se, para o exercício, o vocabulário Coroado da Aldeia da Pedra, com cerca de 800 itens, registrado por C.F.P. von Martius e inserido em seu “Glossaria linguarum Brasiliensium”.